Diante da crescente demanda do agronegócio e do processo de industrialização regional, o secretário de Infraestrutura de Mato Grosso do Sul (Seilog), Guilherme Alcântara de Carvalho, tem conduzido uma estratégia ambiciosa de expansão logística que vai alavancar a competitividade do Estado e prepará-lo para o futuro. Em entrevista concedida na manhã de hoje, aos jornalistas Arthur Mário e Gislaine Leite, da Rádio Hora, Alcântara detalhou os principais projetos em andamento e as diretrizes para a modernização da malha rodoviária e dos polos de transporte.
Com 5.500 quilômetros de rodovias pavimentadas e mais 660 km contratados para os próximos quatro anos, o governo estadual busca integrar áreas de produção agrícola a corredores de exportação, com apoio de financiamento do BNDES. O objetivo, segundo o secretário, é acompanhar o crescimento da produção de grãos e celulose, setores que têm pressionado a infraestrutura de escoamento. “Estamos trabalhando para que as obras acompanhem o dinamismo da economia do MS, que ampliou significativamente sua base produtiva na última década”, afirmou.
Embora os 79 municípios sul-mato-grossenses já estejam interligados por asfalto, o gargalo se concentra nas estradas vicinais, essenciais para o transporte primário da produção agropecuária. O secretário observa que o avanço da soja, do eucalipto e agora da laranja tem criado novas rotas logísticas que precisam ser atendidas com rapidez e previsibilidade.
Paralelamente, o governo estadual tem direcionado esforços para a requalificação dos aeródromos regionais, com investimentos de R$ 250 milhões. O aeródromo de Inocência é um exemplo citado pelo secretário: o terminal aéreo foi reestruturado pouco antes do anúncio da instalação de uma nova planta industrial da Arauco, empresa multinacional de celulose. Para Guilherme, ainda que os novos aeroportos não tenham impacto direto sobre a população, eles são ativos estratégicos na atração de investimentos. “Empresas observam com atenção a capacidade logística das regiões onde pretendem se instalar”, disse.
O secretário também mencionou sobre os projetos que estavam esquecidos há décadas, mas que agora começaram a ser executados, como o contorno viário de Amambai, que terá 22 km de extensão e será construído com recursos federais e a contrapartida estadual. Em Bonito, o contorno urbano está em fase de licitação, com aporte estimado em R$ 50 milhões.
Sobre Campo Grande, Guilherme adiantou que o governo prepara dois novos viadutos em parceria com a Prefeitura da Capital com previsão de lançamento ainda neste semestre. Um será na rotatória da Coca-Cola e outro na interseção entre a Via Parque e a Avenida Mato Grosso. “É uma resposta à saturação da malha urbana da cidade, que ultrapassa 800 mil habitantes e exige intervenções de mobilidade mais estruturantes”, argumentou o secretário.
A conectividade digital também foi incluída no escopo das novas concessões rodoviárias. Alcântara anunciou a instalação de pontos de Wi-Fi a cada 40 km na MS-040, que liga Campo Grande a Santa Rita do Pardo e que a proposta poderá ser replicada em outras vias sob modelo de concessão. Além disso, as futuras concessões deverão contemplar dispositivos de segurança como passagens de fauna e acostamentos. “Na MS-040, o índice de atropelamentos de animais é preocupante. Estamos revisando o projeto para incorporar soluções que reduzam esse impacto”, explicou.
O caso da BR-163, rodovia federal sob concessão da CCR MS Via, também foi abordado. O secretário reforçou a insatisfação da população com a lentidão na duplicação da via e sinalizou apoio às manifestações da Assembleia Legislativa em cobrança à concessionária. “Não temos ingerência direta, mas compartilhamos da insatisfação. O contrato precisa ser cumprido ou revisto, e o usuário deve ser respeitado”, pontuou.
Além da pauta logística, Alcântara destacou que novas etapas do programa “MS Ativo” estão em fase de estruturação, com foco em pavimentação urbana, drenagem, habitação e saneamento nas cidades do interior. Em Campo Grande, bairros como Nova Lima e Itamaracá estão entre os que devem ser contemplados com investimentos. Segundo o secretário, os detalhes serão apresentados pelo governador nos próximos meses.
A política de infraestrutura do governo estadual está ancorada em uma lógica de médio e longo prazo, com foco na ampliação da base logística, no fortalecimento do ambiente de negócios e na indução do investimento privado. “O papel do Estado é criar as condições para que a economia se desenvolva com competitividade e sustentabilidade”, concluiu Alcântara.
Alexsandro Nogueira – assessoria de imprensa Seilog/Agesul