Além de duas Escolas Estaduais, foi entregue a reforma do Centro Cultural da Aldeia Alves de Barros e anunciada a ampliação do projeto de geração de renda com mulheres ceramistas para outras comunidades
Conhecidos como índios cavaleiros por causa da Guerra do Paraguai, os indígenas Kadiwéus, de Porto Murtinho, começaram a semana celebrando mais uma conquista: a inauguração de duas novas escolas estaduais e de um centro cultural, totalmente reformado.
Nesta segunda-feira (20), o governador Reinaldo Azambuja e o secretário de Infraestrutura, Eduardo Riedel, foram pessoalmente à Terra Indígena Kadiwéu fazer as entregas. Ao chegar na Aldeia Alves de Barros, a comitiva foi recepcionada com a Dança do Guguê, realizada em momentos sagrados e de celebração de vitórias.
Na comunidade foram entregues as obras de construção da Escola Estadual Indígena Antônio Alves de Barros, que fica na aldeia de mesmo nome, e da Escola Estadual Indígena Córrego do Ouro, instalada na Aldeia Córrego do Ouro-Terra. Ele ainda inaugurou a reforma do Centro Cultural Kadiwéu, na Aldeia Alves de Barros, e repassou recursos para pesquisa e fomento na área do artesanato indígena.
Na ocasião, o secretário Eduardo Riedel, da Seinfra (Secretaria de Infraestrutura), destacou a importância das ações do Estado nas terras indígenas. “As obras das escolas e do centro cultural têm um significado muito grande para resgatar não só a cultura, mas a possibilidade de geração de oportunidades para vocês. São ações que ajudam no desenvolvimento”, disse.
Emocionado com as inaugurações, o cacique Ciriaco Ferraz, da Aldeia Alves de Barros, falou dos investimentos na comunidade. “Muito obrigado, governador, pelo que o senhor fez com a população indígena Kadiwéu. Isso quem está falando é um guerreiro”, afirmou.
A Terra Indígena Kadiwéu possui seis aldeias e um total de três mil índios. A Alves de Barros, com 300 famílias, é considerada a aldeia-sede da reserva. Em toda a área indígena, o Governo do Estado já construiu seis escolas, além de ter reformado 11.
Centro Cultural Kadiwéu
A obra de revitalização do Centro Cultural Kadiwéu, na Aldeia Alves de Barros, recebeu investimento total de R$ 295 mil. O espaço é apropriado para a exposição dos produtos das oleiras e de outros artesãos. Agora, o centro cultural conta com um ambiente climatizado e mais estruturado para atender a comunidade indígena local.
A revitalização do espaço faz parte do projeto ‘Pesquisa sobre cerâmica e o fomento da comunidade e cultura Kadiwéu no Mato Grosso do Sul’, que objetiva a melhoria dos processos produtivos das mulheres ceramistas da etnia Kadiwéu; a divulgação dos resultados da pesquisa; e a inovação de práticas para a melhor comercialização das peças, como explica a pesquisadora da Universidade de Manitoba, Viviane Luiza: “Este projeto tem como objetivo empoderar as mulheres, uma vez que elas são as responsáveis pela transmissão desta cultura, por meio da arte, às gerações futuras. Na 1ª fase do projeto entregamos esse Centro Cultural e na 2ª fase vamos estender esse projeto de empoderamento para mulheres de outras comunidades”, detalhou Viviane.
A iniciativa é fruto de uma parceria entre o Governo Estadual, por meio da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (Fundect), Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e Universidade de Manitoba, do Canadá.
Escolas indígenas
A Escola Estadual Indígena Antônio Alves entregue na aldeia de mesmo nome integra o programa de Obras Inacabadas Zero, já que a construção teve início em 2011. O Governo do Estado conseguiu desbloquear os recursos federais e complementou a construção.
A dificuldade de acesso à terra indígena foi o grande desafio para finalizar a obra. O engenheiro Paulo Henrique Malacrida, da diretoria de infraestrutura e apoio operacional da SED (Secretaria de Estado de Educação), disse que a carreta com as peças pré-moldadas do ginásio de esportes não conseguiu chegar ao local e o material teve que ser carregado, um a um, do alto da serra para a aldeia.
O prédio possui área construída de 205,20 m², dividida em duas salas de aulas, dois banheiros, uma cozinha e um pátio coberto. O investimento total foi de R$ 412.342,20. A unidade tem capacidade de atender 180 estudantes nos períodos matutino, vespertino e noturno. Na escola, o início das aulas está previsto para 2022, conforme demanda da aldeia.
Outra entrega feita pelo Governo do Estado foi da Escola Indígena Córrego do Ouro, construída na Aldeia Córrego do Ouro-Terra. O prédio tem seis salas de aulas, bloco administrativo com cinco salas e bloco de apoio, com cozinha, depósito, despensa e bateria de banheiros, totalizando uma área construída de 854 m². O projeto também seguiu o modelo padrão do FNDE e o investimento total foi de R$ 1.528.720,02.
Se abrir nos três períodos, a Escola Córrego do Ouro tem capacidade para atender 540 estudantes. A unidade já está funcionando com duas turmas do Ensino Médio no período noturno. A partir de 2022 vai atender nos períodos de acordo com a demanda da aldeia.
Cerâmica Kadiwéu
Por meio da Fundect, o Governo do Estado liberou ainda convênio de R$ 640 mil para a execução da segunda fase do projeto científico “Pesquisa sobre cerâmica e o fomento da comunidade e cultura Kadiwéu no Mato Grosso do Sul”, em parceria com a UFMS.
Integrando a comitiva, o reitor Marcelo Turini lembrou que esse projeto nasceu ainda em 2015, logo após a posse do governador Reinaldo Azambuja, e foi viabilizado graças ao empenho do então secretário de Governo, Eduardo Riedel. O projeto potencializará o artesanato Kadiwéu e promoverá a inclusão das mulheres artesãs.
“Obrigado governador Reinaldo e secretário Riedel por acreditarem na educação e na ciência, por apostarem em um sonho nosso de valorizar a arte kadiwéu e colocá-la para o mundo, para os museus, fomentando e divulgando a riqueza do seu artesanato”, disse o reitor. A aldeia tem uma associação de mulheres artesãs, formada por 80 membros.
Também integraram a comitiva do governador Reinaldo Azambuja os prefeitos de Bodoquena, Kazuto Horii, e de Bonito, Josmail Rodrigues; o secretário-adjunto da SED, Édio Resende; o deputado federal Vander Loubet; e o diretor-presidente da Fundect, Márcio de Araújo Pereira.
Texto: Bruno Chaves e Silvio Andrade, Subcom.
Fotos: Chico Ribeiro.